"Olha esse bundão!"
Reprimida no vestir
Falar, comer, agir
Sigo a minha vida
Batida, comida, lida.
"Ô lá em casa, hein?"
Para eles, é uma alegria
Ver a menina acanhada e fria
Passando cabisbaixa do outro lado
da calçada, vendo na fala um fado.
"Se eu te pego, te envergo, meu amor!"
E a eles soa tão cotidiano
Que essa gente parece ignorar meu sofrimento
Escondendo dos olhos o meu lamento
Cobrindo sempre com um maldito pano.
"Ela pega todos? Piranha!"
Palavra, palavra, palavra
Ferramenta com poder inestimável
Enquanto a alguns da agonia livra
A mim, tadinha, é lamentável.
Como válvula de escape, desejei amnésia
Para esquecer de tudo, viver bem à beça
Mas logo percebi que não era essa
A sanar a realidade, então escolhi eutanásia.
O médico calibre 38 prepara letal injeção
Que perfura, machuca, e também esfria o corpo
Não há salvação; não insista, anticorpo!
A minha hora, doce hora, chegou. Ação!
#PHPoemADay #AEutanásia
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