segunda-feira, 1 de junho de 2015

inexistente ato de viver

e quem era maria, dona de casa,
que a ladeira subia e o morro descia?

e quem era pedro, padeiro, que ganhava seu pão e
botava realmente a mão na massa para garantir o chão?

e quem era adelaide, faxineira, que faxina fazia sem vontade e,
por pensar nos cinco filhos, continuava a trabalhar noite-e-dia?

e quem era dona flor, vó de todos na favela,
mãe de traficantes que chorava toda noite
enquanto rezava para a virgem maria pela:
proteção de seus filhos, netos, bandidos,
culpa dela, se tivesse sido uma mãe melhor, se tivesse tido uma chance apenas...
(será?)

quem era paulina, negra menina,
que cedo conhecera os perigos da vida
quando não havia ninguém para lhe dar a mão?

quem era bruno, pedreiro, um a mais apenas que,
num canteiro de obras de uma multinacional, com um tijolo tinha morrido?

tu sabe quem é que inexiste nesse ato de viver?
não. nem eu, porque a vida assim não tem biografia.


#PHPoemADay #ABiografia

2 comentários:

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